Opinião

O retrocesso em negar a vacina

Por Manoel Jesus
Educador
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Se você já passou dos 30 anos, lembra das campanhas de conscientização que ocorriam para a vacinação das crianças, especialmente. Os meios de comunicação recebiam fortes investimentos para que ninguém pudesse dizer que não havia escutado falar a respeito de ações que cobriam o território nacional e faziam com que o alcance fosse suficiente para que, gradativamente, doenças fossem controladas. Os mais velhos ainda têm na memória o convívio com pessoas que sofreram com sequelas destes males.

É o caso da vacinação contra a poliomielite, também chamada de pólio ou de paralisia infantil. Já nos últimos dias de campanha, o Rio Grande do Sul havia conseguido atingir 72% do público-alvo, acima da média nacional que estava em 65,74%, mas abaixo do objetivo necessário para dar um alívio nos recentes aparecimentos de casos, que seria de 95%. Oficialmente, a campanha encerrou sábado, 22 de outubro, mas a rede pública ainda atende para atualizar a caderneta de crianças e adolescentes menores de 15 anos.

Vale lembrar que a paralisia infantil é doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que infecta crianças e adultos pelo contato direto com fezes ou secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. O pior são as consequências, quando podem, até, provocar a paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos. São estas lembranças de casos com vizinhos e conhecidos, ou mesmo parentes, que se pensava estarem sepultados no passado…

Dando uma breve descrição, com certeza, memórias de outros tempos podem ser recuperadas. As sequelas da doença estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas motoras e que não têm cura. As principais são: problemas nas articulações; pé torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade para falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

A universalização da vacina é um dos grandes avanços da civilização. O negacionismo e o partidarismo estão colocando a sociedade num processo involutivo. Exemplo mais claro é a vacinação contra o coronavírus, que andou a passos de tartaruga até que a própria população se deu conta de que estava embarcando numa canoa furada ao atender aos desmandos de figuras públicas. Esta mesma vacina que agora chega às crianças e que precisa da atenção e responsabilidade dos pais para evitar problemas.

Infelizmente, nos últimos anos, não somente governantes não deram a devida atenção, como se espalham informações distorcidas sobre supostos perigos da vacina; mau exemplo de políticos que negam sua eficácia e prioridades eleitoreiras que drenaram recursos da saúde. Como resultado, o que se acreditava morto e sepultado ressurge como zumbis dispostos a fazer terrorismo. A "bala de prata" está nas mãos do cidadão. E nem falo do voto, mas o caminho dos postos de saúde para não se arrepender depois…


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